Entenda como nasceu o helicóptero, desde o legado de antigos cientistas, que com suas experiências foram desenvolvendo conceitos que a humanidade foi armazenando para chegar um dia nessa fantástica máquina de voar.
A palavra helicóptero vem do grego. Helix significa helicóide. Pteron, asa.
A história conta que Thomas Edison ao ser indagado sobre as frustrantes 1.000 tentativas até conseguir finalmente inventar a lâmpada, disse não fez nada mais que aprender mil maneiras diferentes de como não fazê-la.
A epopéia da invenção do helicóptero não foi muito diferente, com a diferença que envolveu vários autores. Começou muito antes do que a maioria de nós imaginamos. Cerca de 400 anos Antes de Cristo, os chineses idealizaram os primeiros rotores com penas de aves presas a uma haste, que quando girada com o movimento rápido das palmas das mãos, ganhavam sustentação e eram capazes de voar. Uma espécie de passatempo fácil de encontrar nas mãos das crianças de hoje em dia e que provavelmente foi idealizado a partir da observação da natureza, onde determinadas sementes, ao caírem das árvores voavam carregadas pela brisa.
Archimedes nasceu em 287 A.C., é famoso por seu grito de "Heureca!", depois de ter percebido o princípio da hidrostática, ou como ficou conhecido o Princípio de Archimedes. Para alguns pesquisadores, a contribuição que ele deixou para o futuro desenvolvimento do helicóptero foi o Parafuso de Archimedes, um dispositivo em forma de caracol, que ao fazer movimentos de rotação permitia elevar a água para encher os reservatórios em níveis mais altos. O fluido era a água. A destinação era outra, mas usamos os mesmos princípios quando voamos nossos helicópteros.
Em 1483 Leonardo Da Vinci desenhou o seu La Hélice, um fabuloso engenho que nunca chegou a sair do papel, mas que mostrou os princípios básicos da máquina que um dia passaria a ser o helicóptero. Sua asa em espiral apresentava para o mundo como, muitos séculos depois, seria a base do vôo dos helicópteros. Sem dúvida um gênio.
La Hélice de Da Vinci.
Depois de Da Vinci, a outra iniciativa que se tem notícia foi a russo Mikhail Lomonosov, que é mais lembrado por suas proezas na astronomia como a observação de um anel luminoso em Vênus, que ele interpretou como sendo a existência de atmosfera, mas que deixou um conceito muito importante para a aviação de asas rotativas quando, em 1754, desenvolveu um rotor coaxial, similar ao que os chineses haviam feito, mas impulsionado por um mola. O dispositivo seria capaz de voar livre e ganhar uma boa altura. Foi idealizado para elevar instrumentos meteorológicos.
Pouco depois, o naturalista francês Launoy, com a assistência de seu mecânico Bienvenu, desenvolveu um modelo que consistia em dois conjuntos de penas de peru e que giravam para lados opostos, resolvendo o problema de contrariar o torque. O conjunto era impulsionado por uma fina haste que fazia o papel de uma mola.
O dispositivo de Launoy.
Sir George Cayley, da Grã Bretanha, desde criança era fascinado pelos antigos brinquedos chineses que simulavam o vôo de um helicóptero. Em 1843, ele desenhou o que chamou de carruagem aérea. Era uma máquina de voar, composta por dois rotores instalados nas extremidades e que serviriam para contrapor o torque gerado por cada um deles. A solução de engenharia criada por ele é aplicada a alguns modelos em utilização hoje em dia. Os únicos motores existentes na época eram movidos a vapor. Extremamente pesados para serem utilizadas.
A carruagem aérea de George Cayley
Cossus of France, em 1845, desenhou uma máquina que voaria impulsionada por um motor movido a vapor e que teria três conjuntos de rotores.
A máquina de Cossus of France.
O nome "helicóptero" foi usado por Vicomte Gustave Ponton d'Amecourt, francês que idealizou um modelo com hélices contra-rotativas, movidas também por um motor a vapor. A máquina foi apresentada na Exposição Aeronáutica de Londres, em 1868, mas não conseguiu voar. Uma outra, impulsionada por mola, obteve melhor êxito.
O helicóptero de Gustave Ponton D'Amecourt.
Em 1878, o francês Castel idealizou um helicóptero movido a ar comprimido, que impulsionava dois eixos contrarotativos, mas que nunca conseguiu voar. Anos depois fez seu experimento voar com elásticos de borracha.
No mesmo ano, o engenheiro italiano civil Enrico Forlanini construiu um helicóptero movido a motor a vapor com dois rotores contra-rotativos que subiu 40 pés e voou por cerca de 20 segundos.
O helicóptero de Enrico Forlanini.
Um helicóptero puro pode ser definido como uma máquina capaz de ganhar sustentação por intermédio de asas rotativas. Essas asas girariam no ar impulsionadas por um motor, acionadas por um eixo. O segredo estaria em obter energia suficiente para girar os rotores e suportar o peso de toda a parafernália montada para isso, além de controlar todas as forças que envolviam o aparelho. A conhecida terceira Lei de Newton-Galileo, também conhecida por Lei da Ação e Reação, onde para toda força existe outra em sentido contrário com a mesma intensidade, criou a necessidade de se instalar um rotor de cauda com o propósito de contrapor o torque aplicado ao rotor principal por um motor. Uma máquina dessas teria que ser capaz de decolar na vertical, executar um vôo pairado, voar à frente, ser controlado no ar, voltar ao seu local de origem, novo vôo pairado e finalmente executar um pouso na vertical. A citação de Igor Ivanovitch Sikorsky retrata bem seu entusiasmo em fazer um helicóptero voar: "a idéia de um veículo que pode ser suspenso do chão por meios próprios e pairar sem se movimentar no ar provavelmente nasceu simultaneamente ao sonho de voar".